Mesmo com vacinação, lares para idosos ainda têm restrições para visitação de familiares

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)

Desde março do ano passado, os lares que recebem e acolhem idosos têm mais um problema para lidar além da pandemia: a saudade. Apesar de os modelos de distanciamento terem mudado e a vacinação ter avançado, o governo estadual emitiu uma nota de orientações às Instituições de Longa Permanência de Idosos (ILPI) que restringem a visitação de familiares (saiba mais abaixo). A medida tem o intuito de evitar surtos de Covid-19, já que são locais que abrigam grupos de pessoas, o que possibilitaria a transmissão. Resta às instituições buscarem formas de dar atenção a quem já não abraça, ou ao menos vê de perto, seus familiares e amigos há tanto tempo.

Em duas das maiores ILPIs de Santa Maria, o Lar Vila Itagiba e o Lar das Vovozinhas, equipe e assistentes sociais fazem de tudo para manter a saúde mental dos velhinhos com atividades recreativas e, os que têm condições, videochamadas com familiares.

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A assistente social do Lar das Vovozinhas, que acolhe, atualmente, 133 idosas, Liciara Melissa Prass, conta que as visitas estão suspensas no local e somente em casos extremos é agendado um encontro. A profissional relata que o clima é triste, pois as idosas sentem falta da movimentação, já que é uma instituição que realiza muitas atividades durante o ano para oferecer entretenimento aos acolhidos.
- Tentamos realizar videochamadas com as que podem e têm capacidade. Porém, quando vemos a necessidade de visita, agendamos, pois muitas delas não entendem os motivos de os familiares não virem e acham que foram abandonadas - relata.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Divulgação/Lar das Vovozinhas

A terapeuta ocupacional do Lar das Vovozinhas, Quelen Bonini, conta que, na semana passada, a instituição organizou uma mini excursão de ônibus pela cidade, pois muitas das idosas não saíam "de casa" há muito tempo.

- O passeio foi muito importante para a saúde mental delas, pois há um ano e três meses elas não saem e não recebem visitas. Todas elas já estão com as duas doses das vacinas, e seguimos todos os protocolos de segurança. Elas adoraram a ideia, se divertiram muito, riram o tempo todo. Inclusive, estamos aceitando doações ou alguém que possa viabilizar mais passeios para elas, pois é muito importante esse tipo de ação - sugere Quelen.

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No Grisallys Centro de Convivência para Idosos, que possui 24 abrigados, a realidade é semelhante. Segundo a enfermeira chefe do estabelecimento, Jéssica Flores, as visitas são feitas por agendamentos seguindo as normativas enviadas pela Secretaria de Saúde do Estado (SES). Ela informa que são realizados apenas dois encontros por turno, com todos os cuidados exigidos.

- Quando as visitas estavam canceladas, a gente via um ambiente triste. Teve até caso de depressão. Para alguns é difícil de entender a situação. Porém, após o início das visitas, a gente percebe eles mais dispostos, conversam mais. Nesse cenário, dividimos em grupos menores, propomos mais atividades para que a solidão não afete tanto a eles - avalia a profissional.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)

No Lar Vila Itagiba, que atende 63 idosos, além de atividades lúdicas, também foi criado um cronograma de visitas para amenizar a saudade. Segundo a relações públicas do lar, Karoline Arend, antes da pandemia os moradores do lar recebiam visitas com frequência.
- Enquanto instituição, a gente busca amenizar essa saudade do afeto, do toque do abraço das pessoas, com chamadas de vídeo, com algumas cartas, que é algo bem presente na história de vida dos nossos idosos - comenta.

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Karoline conta que a visitação teve momentos com duração de 30 minutos e no máximo duas pessoas. Todos tiveram a temperatura aferida, ganharam luvas, máscaras e um avental higienizado. Os idosos também usaram esses equipamentos:
- A gente sentiu a necessidade dessa aproximação com os familiares. Não substitui os abraços, mas enxergar a pessoa, poder conversar com ela pessoalmente muda bastante coisa para nossos idosos.

Modalidades de visitação sugeridas pelo Estado

• Modalidade I - no portão da instituição sem contato com o interior da instituição ou em formato drive-thru
• Modalidade II - na parte externa da ILPI em espaço delimitado externo, o mais próximo do portão de entrada e saída da ILPI. A duração da visita é de ate? 30 minutos e a participação de no máximo dois membros por família
• Modalidade III - na parte interna da ILPI, no quarto para pessoas em estado terminal, em andares distintos se a estrutura de edificação e a organização do espaço físico permitirem

Restrições

• As visitas presenciais regulares nas ILPI somente poderão ser liberadas após 70% de toda população brasileira ter sido imunizada e a pandemia controlada
• Priorizar a utilização de ferramentas de comunicação virtual como grupos no WhatsApp e vídeo chamadas
• Estabelecer horário de visitas por agendamento
• Reduzir o quantitativo de visitantes, assegurando distanciamento de 2 metros entre as pessoas
• A visitação a residentes em fase terminal ou em cuidados paliativos deve ter preferência no agendamento
• Não permitir visitas de familiares ou amigos que apresentarem quaisquer sintomas gripais.
• Implementar rotinas para a higienização das mãos dos visitantes, desde sua chegada
• Os visitantes devem utilizar máscaras do tipo N95/PFF2 ou máscara cirúrgica
• Um profissional da instituição deve acompanhar junto à família ou visitante